domingo, 14 de setembro de 2014

Crítica Positiva da Metodologia Qualitativa e de Uma Pesquisa Mista.


      De acordo com o que foi abordado na aula do dia 11/09/2014 sobre metodologia qualitativa, podemos fazer uma breve discussão sobre a importância desta metodologia.
      A metodologia qualitativa é alvo de muitas críticas, pois esta não é objetiva e afirma que não há a possibilidade de neutralidade, o que vai contra o pressuposto amplamente propagado e utilizado na metodologia quantitativa, já que esta, por ter uma abordagem positivista, empirista e funcionalista reivindica a neutralidade do observador e indica que a subjetividade presente na análise qualitativa comprometeria a objetividade da ciência.
      Partindo da mesma opinião que o Professor Eduardo Mourão da Escola de Serviço Social, deve-se atentar na importância das duas pesquisas e usá-las juntas para adensar a pesquisa. Segundo Eduardo Mourão no seu livro ‘Complexidade e Pesquisa Interdisciplinar’: “[...] na perspectiva do paradigma da complexidade, sugere-se optar sempre por estudos mistos. Através da estratégia chamada de triangulação, se busca superar as limitações particulares aos dois tipos polares de pesquisa [...] aumentando o rigor da pesquisa” (p.160).
      Dito isto, destacarei a importância da metodologia qualitativa, porém não será feito de modo a desqualificar a metodologia quantitativa, mas com o intuito de ir contra as críticas feitas a ela.
      Sendo assim, podemos dizer que ao privilegiar os microprocessos sociais, a metodologia qualitativa faz um exame mais intensivo dos dados, há um recorte do universo mais amplo para buscar elementos mais profundos daquele processo. Além disso, essa metodologia permite associar vários instrumentos de pesquisa e técnica.
      Para visualizarmos melhor o que foi dito, utilizarei do seguinte exemplo (que foi até abordado na sala de aula): sabe-se que houve um aumento do número de pessoas que recebem o bolsa família, o que no primeiro momento podemos pensar que mais pessoas estão conseguindo ter o mínimo para uma vida um pouco mais digna e estão sendo retiradas da categoria de indigentes. Porém, será que essa informação é suficiente para sabermos se realmente a qualidade de vida dessas pessoas aumentou? A meu ver, isso não basta. Se fizermos uma análise qualitativa dessa questão, iremos aumentar a proximidade com o pesquisado, entraremos no mundo daquelas pessoas e poderemos intensificar nossos dados. Provavelmente, iríamos ver (algo que já temos o conhecimento) que mesmo que o Bolsa Família esteja atendendo um maior número de pessoas, ele não aumenta necessariamente a qualidade de vida da pessoa que o recebe. Exemplo: aquele sujeito que não tinha nada para comer, agora se alimenta de alguma coisa (o que é um avanço), entretanto, esse alimento muitas vezes não é rico em nutrientes essenciais para aquela pessoa. Portanto, com a análise qualitativa aprofundamos melhor a questão e, a partir disso, podemos aprimorar um programa, entendendo as reais necessidades de uma população, etc.

      Por fim, retomo que uma pesquisa mista (qualitativa e quantitativa) de determinado fenômeno, oferece ao estudo uma visão mais completa, já que a pesquisa qualitativa pode suprir limites da quantitativa e vice-versa.

                                                                                                   (Marcela Negrões)
*Este texto é referente a aula do dia 11\09\14.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Comentário Sobre a Pesquisa do Processo Eleitoral Brasileiro

Ao realizar as entrevistas com os alunos e funcionários da UFRJ/UNIRIO,com o objetivo de agregar conhecimento sobre a “Metodologia Qualitativa de Pesquisa”  com o Tema :  “Processo Eleitoral brasileiro A corrida presidencial , percebemos que diferentemente da pesquisa semi-estruturada , a pesquisa Estruturada ( que fornece alternativas aos entrevistados), nos apresenta um maior detalhamento com base nas perguntas. O sujeito entrevistado tem maior liberdade e expressão ao ser questionado por sua resposta.

Os instrumentos para uma pesquisa qualitativa são variados, privilegiando o pesquisador à uma flexibilidade, onde dependendo do contexto, objeto e realidades presentes poderá ter um leque de escolhas para trabalhar e conseguir atingir ao objetivo a ser teorizado (MARTINS, Heloisa Helena, 2004).

Com a entrevista, percebemos que as respostas variavam com dois aspectos fundamentais: a escolaridade e idade dos entrevistados. Ao todo foram entrevistadas 19 pessoas, entre elas estudantes, servidores públicos, funcionários terceirizados, entre 20 e 60 anos de idade. A maioria têm acompanhado a campanha para a Presidência da República e está indecisaquanto a escolha de seu voto. Se sentem insatisfeitos com o atual governo e atribuem a ele uma nota mediana. O próximo governo deve priorizar questões como Saúde e Educação.
Quando perguntados sobre as pesquisas realizadas pelas instituições Ibope e Datafolha, muitos disseram que não confiavam nos conteúdos informados pois poderiam ter características de manipulação ideológica ou à serviço dos interesses de quem está no poder político\financeiro e que onde pode haver também manipulação dos resultados.
                                                                                                     (Geisa Delfino)

                                                                          

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

As Competências e Instrumentos da Profissão

Segundo Sousa, o assistente social surge como um profissional cuja sua função era intervir na sociedade para modificá-la de acordo com o que se considerava ideal. Mas com o Movimento de Reconceituação, a profissão passou a pensar, planejar, administrar as políticas sociais do que apenas executar ordens, como fazia antes.
Com essa conquista, hoje podemos dizer que o assistente social possui, ou deve possuir, três competências: a ético-política, para ter uma postura política e direcionar a sua prática de acordo com a mesma, a teórico-metodológica, para ser um profissional qualificado e capaz de conhecer a realidade social em sua essência e por último, mas não menos importante, a técnico-operativa, possibilitando um profissional capaz de usar técnicas para um bom desenvolvimento da sociedade.
É aí que entra a instrumentalidade do Serviço Social, pois o profissional deve  obter estratégias para a sua intervenção social, mas não esquecendo que o mais importante são os objetivos dessa intervenção e não somente qual a melhor forma de intervir.

Os instrumentos mais usados na profissão são os diretos, onde aparecem as observações, as entrevistas, as dinâmicas, as reuniões, as mobilizações e as visitas. E os indiretos, onde podemos colocar as atas, os registros, os relatórios, os pareceres, entre outros. Mas a linguagem é considerada o maior instrumento interventivo que um assistente social possa ter, pois é a partir dela que o ser humano interage com outros, é dela que surge a socialização dos indivíduos.
Com todos esses instrumentos e competências disponíveis para intervenção, o assistente social deve escolher o que melhor se adequa a situação em que está trabalhando, sem esquecer que o que realmente vale na prática é a responsabilidade e compromisso que o profissional tem com a sociedade.

                                                                               (Danielle Aparício dos Anjos) 
*texto referente a aula do dia 28\08\14.

Movimento de Ruptura do Serviço Social - Método BH


A dimensão prática não pode se desvincular da teórica, do contrário, os instrumentos serão utilizados de forma conservadora, já que estes potencializam a técnica, que por sua vez será utilizada para atingir uma finalidade. Diante desse processo histórico e metodológico a entrevista torna-se um instrumento fundamental na relação usuário/ profissional, sendo esta analisada não apenas individualmente, mas também no coletivo funcionando de forma integrada.

Marilda Iamamoto (2004) chama a atenção ao observar que ao contrário do que pensa o senso comum sobre a profissão; como limitada à reprodução da pobreza; o que se propõe dos profissionais é uma ação educativa e preventiva junto aos trabalhadores e suas famílias.
Segundo V. de P. Faleiros (1981) o Serviço Social requeria um novo dimensionamento teórico-político que contribuísse efetivamente para a melhoria do cotidiano, passando a ter uma visão política de interação e intervenção.
Diante dessa nova realidade profissional; J. P. Netto (2005) diz que o Serviço Social tradicional conservador entra em erosão, investindo numa nova condição, de “agente da mudança”, abandonando o posto de “apóstolo” ou mero executor das políticas sociais. 
A intenção de ruptura ocorrida durante a década de 70 foi uma das tendências no processo de Renovação do Serviço Social; teve como marco o Método BH, apresentado como uma nova alternativa de intervenção, com abordagem coletiva, mobilizadora e organizada; para Barroco (2006) o Método deu consciência para o profissional, atribuindo- lhe a condição de trabalhador, que apropriou- se da realidade social e colocou o trabalho como elemento fundamental da vida social.

O Serviço Social brasileiro de hoje caracteriza-se fundamentalmente pela herança do Movimento de Reconceituação com base teórica marxista, já que segundo Netto (2005) seria impossível imaginar um profissional crítico sem esta herança, mesmo sabendo da pluralidade ideológica e teórica próprias da categoria.


                                                                         
                                                                                    (Carol Barretto dos Santos)
   
*aula referente ao dia 21\08\14

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Teoria, Prática e Técnica

Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.'' (Karl Marx)

As grandes metamorfoses que marcam a trajetória do Serviço Social brasileiro podem ser diretamente percebidas quanto a aplicação de sua teoria, prática e técnicas interventivas usadas no campus profissional.
Seu início é marcado por uma visão conservadora, sem ainda referências teóricas próprias, embebecendo- se das ciências sociais e consequentemente do positivismo e toda a visão estrutural funcionalista - '' Nessa perspectiva, a sociedade é tomada como um organismo cujos padrões de funcionalidade são semelhantes ao organismo natural. A técnica passa a ser aplicada para melhorar a engrenagem social, para que nela se produzam homens cada vez mais adaptados a um padrão social que não é considerado fruto da história, mas dado como um dos elementos da natureza.'' (TRINDADE, 2001).
Daí o Serviço Social assume uma função restrita de mero executor das políticas sociais que serviam como reguladoras na esfera da reprodução social na vida dos trabalhadores.
A questão social ainda não é analisada de maneira crítica, englobando a visão de totalidade, mas de maneira superficial negando sua raiz: a dinâmica da sociedade capitalista. As técnicas adotadas pelos assistentes sociais da época eram diretamente voltadas para o indivíduo, agindo como  método de correção dos ''desvios'' da sociedade.


Uma das formas do Serviço Social se posicionar teoricamente foi a aplicação como uma tecnologia social, com uma cientificidade própria. A crise do Serviço Social tradicional começa a ganhar força, o Congresso Latino Americano de Serviço Social realizado em Porto Alegre em 1965 se encarrega de explicitar as novas urgências, insatisfações e a nova face do Serviço Social. A partir daí o Serviço Social que antes só tinha a dimensão técnica, agora se apropria da dimensão teórica, produz sua própria teoria dando um salto de qualidade em sua formação. Sua aproximação com a teoria marxista garante à profissão uma visão crítica perante a sociedade, entretanto é na virada da década de 1970 que o Serviço Social sofre uma total ruptura com o conservadorismo.

Entender todas essas mudanças do Serviço Social brasileiro passa pela lógica de que as relações sociais são complexas e que fazem parte de um contexto histórico, por isso a prática se diferencia em suas diversas conjunturas. Entretanto não podemos dissociar a relação entre teoria, prática e técnica na história da profissão, pois elas são conquistas garantidas por muitas lutas para que assim não se caia no colossal fatalismo de que ''na prática a teoria é outra''.


                                                                                                     (Amanda Sales)
*texto referente a aula do dia 14\08\14.